domingo, 3 de maio de 2009

Sobre Caminhar, Sentir e Pensar


Um homem caminha pela rua, caminha e pensa, pensa e caminha.
Seria possível caminhar sem pensar, pensa o homem. Pensar no que vê e no que sente.
Vê um mundo que não é mais o da sua infância. Casas que crescem – cada vez mais para cima – como se quisessem alcançar o céu. O céu cada vez se distância mais e ele cada vez se sente mais longe de tudo, mais longe de todos...
As ruas por onde passa trazem movimentos cada vez mais rápidos, todos parecem atrasados e no afã de chegar na hora não percebem o mundo que os rodeia.
A beleza das flores, que já não existem mais; das árvores, que deram lugar a estacionamentos não podem mais ser vistas, todavia são sentidas. São sentidas por aquele homem que a muito anda, que a muito perdeu a direção do seu andar, mas não o encanto de seu pensar.
O mundo cada vez mais louco, as pessoas cada vez menos humanas, os sonhos cada vez mais imediatos e as relações cada vez mais efêmeras em meio a sons que se distinguem por sua robustez, da frágil respiração daquele homem.
Ele caminha, caminhando pensa. Vendo e sentindo ele vai por entre um mundo cada vez menos seu, de pessoas cada vez menos reconhecíveis.
Suas memórias são de tempos outros, ruas outras, roupas outras, ritmos outros e seus sonhos são os possíveis em um mundo que, por mais que pense, não compreende. Por mais que viva não conhece, por mais que sinta, não se materialize em experiência.
Por esse mundo, ele se cruza com pessoas tantas, com cenas comuns e incomuns, mas é tudo rápido e efêmero e quando ele se dá conta, já foi e ele, ele ficou, caminhando, pensando, vendo e sentindo.

Um comentário:

Rita disse...

Maria, parabéns pela iniciativa em compartilhar teus escritos. Teu jeito subjetivo na escrita é singular. Vou acompanhar.... caminhando e sentindo....